Em dias menos bons

A D……em dias menos bons e mesmo que a saúde não ajude, apanha o metro da Póvoa até ao Porto .

As cicatrizes de uma cirurgia bem recente pediam descanso , mas a filha com um grau de dependência bem alto pede comida .

E lá vem a mãe, apanha o metro e com ajuda da bengala , tenta encontrar soluções rápidas para voltar a casa com dinheiro para ir comprar o que a filha precisa de comer .

Entre o saí e entra de um hospital , aproxima-se envergonhada e em tom bem baixo : ” Pode -me ajudar? ” .

Do outro lado do passeio mais arrumadores que vão vendo a movimentação da D. …..

Não estava referenciada , e a vergonha é que a faz vir até ao Porto .

Sempre trabalhou , mas aquela operação não correu como queria .

Estamos a meio da conversa quando somos abordados por mais um pedido:

” Pode-me ajudar? “.

Não precisamos de responder , a D…… tentou sair da nossa beira para evitar confusões.

Quem chegou não queria apenas ajuda , queria ” expulsar” a D…..da zona que pelos vistos já é controlada por outros arrumadores.

Demos a mão à D…..e fomos até ao Metro.

Pouco lhe faltava para poder comprar os alimentos . E medicação? Essa já tinha sido esquecida faz meses .

Com todos os dados e garantia de que iria receber a alimentação que faltava para a filha e para a própria Sra, fizemos o que melhor nos pareceu .

Agradecemos de ❤️ a quem rapidamente marcou um atendimento e ontem soubemos que a D…. irá começar a receber apoio , a ajuda e consultas que estavam em falta.

A D …Isabel com dificuldade em se movimentar , subiu para o metro , mas sem antes termos trocado um abraço.

Respiramos fundo e só pedimos que tudo corra pelo melhor .

Assim foi , assim estão as ruas do Porto e assim somos nós.