Dia 20 de Junho, dia do refugiado!

Por: Rosa Silva

Todos olham para os refugiados que ultrapassam o mar para uma vida mais segura na Europa,

estou solidária com esta causa, devemos sempre estender a mão e ajudar!

Mas, depois olho para alguns dos “amigos” que fiz no “Coração na rua” e penso, porque é que

ninguém olha para estes refugiados? Porque não lhes oferecem uma casa, não ajudam na

integração, não lhes dão um visto de residência!?

Estes refugiados já estão em Portugal há muitos anos, trabalharam, descontaram para a

segurança social, chamaram-lhes imigrantes e vieram à procura de uma vida melhor. Agora no

seu país em plena Europa, existe uma guerra civil a corrupção que pretendiam eliminar

aumentou, a família á muito que se desmembrou, voltar para lá é o prenúncio de uma ida para

a guerra.

Aqui permanecem e se entregam ao desânimo, sem objectivos, sem futuro.

Não são refugiados, chamam-lhes imigrantes ilegais!

Bebem para esquecer, para aquecer, para dormir, porque não têm mais nada que fazer, e

porque nas conversas de amigos partilha-se sempre um copo.

Beber não ajuda, olham para eles como “preguiçosos russos (todos são russos ou ucranianos

apesar de pertencerem a inúmeras nacionalidades de países de leste) que só gostam de

vodka”.

Esquecem-se que construíram estádios, estradas, saneamento, “expos 98” e “capitais da

cultura” trabalhando para patrões que os enganaram e os despediram quando a “época

dourada” da construção terminou

Vivem em pensões, albergues, instituições que acolhem sem abrigo, na rua.

Não são santos mas, também não são demónios. São pessoas que os condicionalismos da vida

colocou numa situação que muitos nunca pensaram ter de enfrentar. Também existem muitos

Portugueses assim, é verdade! Mas, nestes casos tudo se agrava pelo simples facto de não

terem documentos que lhes garantam alguns direitos simples como o direito a trabalhar e

serem pagos justamente por isso.

É um ciclo vicioso em que para estarem legais precisam de um contrato, para serem

contratados precisam de estar legais. Raro é o patrão que os contrata de forma legal, e os

acompanha até ao final do processo de aquisição do visto.

Normalmente quem se recusa a desistir e viver das “ajudas” da segurança social procurando

trabalhar, encontra trabalho mal pago, exploração.

Perguntam-se, como é que ela prova isto?

Não provo, apenas os conheço e ouço histórias…

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