Uma Paula entre tantas outras
A “Paula” tem muitas cicatrizes …infelizmente tem .
Uma infância infeliz em que foi sujeita a quase tudo .
Um bater da porta quando era nova demais mas quem a pode condenar por se livrar de tantos tormentos , de tantos….
Começou por ficar na rua mas procurou ajuda. Passou alguns tempos num quarto de pensão e mais tarde constituiu família.
Sempre desconfiada da felicidade que nunca teve ou realista , foi aprendendo a não depender de ninguém nem mesmo do marido.
Talvez a sua intuição a tenha alertado porque essa felicidade pouco durou, bastou nascer o filho.
Estava preparada para ser mãe, esposa e continuar a trabalhar mas essas ideias não foram aceites e a sua ” independência ” não foi compreendida como tal mas sim como um orgulho de uma má mãe.
Tentou manter o seu nível de vida caminhando só com o filho.
Tanto se passou, tanto foi sujeita que acabou por perder o emprego.
Voltou a um quarto sem abandonar a sua razão de viver: o seu filhote.
Hoje continua a caminhar sozinha porque não quer que o filho se aperceba desta reviravolta.
Quando lhe falamos num trabalho nem sequer quis saber quais as condições, só do horário para ir buscar o filhote ao infantário e não ser apontada novamente como uma má mãe.
Temos acompanhado a Paula da melhor forma que sabemos e podemos.
Possivelmente estar presente , seja a melhor forma para a ajudar.
Educada , grata pela vida que tanto lhe tem ensinado e com o “Pedro” ao colo diz-nos que cada obstáculo a fortalecem, só pede que a deixem enterrar os fantasmas do passado e tempo para se erguer.
Todas as vezes que estamos com a Paula aprendemos tanto mas tanto que até nós saímos mais fortes e gratos por conhecer alguém assim .